Espelho D'Água

 

Ontem fiz uma live sobre autoconhecimento e falei da importância de cada um seguir esse chamado do Divino para buscar se conhecer e melhorar de vida. Falei também de caminhos e terapias que podem nos ajudar nessa busca. Como estou há cerca de 20 anos nessas estradas e já passei por inúmeras experiências e treinamentos, gosto de compartilhar aprendizados que já obtive e que podem facilitar a vida de novos buscadores. 

Quando terminou a live, fiquei pensando cá com os meus botões sobre coisas interessantes que observo e que quero compartilhar numa próxima oportunidade, mas a inspiração já foi surgindo e então já resolvi "blogar".

Me dei conta de que quando a gente inicia nesse caminho, seja lá como for a forma do "chamado" se manifestar -- encontrando um grupo, um mestre/professor, uma terapia com a qual nos  identificamos, ou qualquer coisa desse tipo -- começamos a nos conhecer e também a nos familiarizar com muitos termos do mundo da "cura": chakras, mantras, sagrado feminino, masculinidade tóxica, cura ancestral, cura sistêmica, propósito, maestria, missão espiritual, karmas, dharma, miração, peias, crenças limitantes, positividade tóxica etc. etc.. É um vocabulário que daria uma bom "dicionário de termos do buscador" na linguagem espiritual e "muito pano pra manga" na linguagem das minhas origens. 

Como em todo vocabulário, nem sempre compreendemos o verdadeiro sentido das palavras que pronunciamos e às vezes vamos distorcendo-o ao longo da caminhada. Sabe aquela história do ditado popular que é distorcido e todo mundo segue repetindo errado? Quem nunca disse "Quem pariu Matheus que balance”?. Pois é, o certo, na verdade é: "Quem pariu e bateu que balance" ou "Quem pariu os maus teus, que balance" (afinal o que Matheus tem a ver com isso? E quem pariu Luan, João, Maria faz como?) -- explicação sobre o ditado do site https://aratuon.com.br/noticia/variedades/so-que-nao-conheca-10-ditados-que-voce-acha-que-conhece-mas-fala-tudo-errado -- sempre importante reconhecer as fontes do conhecimento que repassamos!).

Mas, continuando...quero falar especificamente de dois termos, cuja verdadeira compreensão despertou realmente para mim recentemente: "projeção" e "espelho". 

A "projeção" é algo que, se compreendermos bem, pode nos ajudar a evitar cometer muitas injustiças com as pessoas do nosso convívio, especialmente aquelas que nos guiam (mestres, professores, terapeutas etc.), que, por estarem a nos iluminar o caminho, clareiam as sombras que nele existem. É nessas pessoas que costumamos projetar essas sombras, especialmente as oriundas das dores profundas que carregamos no nosso inconsciente e as quais muitas vezes desconhecemos. 

Todos nós passamos por traumas, em menor ou maior grau. Muitas pessoas preferem esconder suas dores e consideram até uma "infâmia" ou "difamação" contra a família falar de traumas famíliares, mas, como disse muito acertadamente Bert Hellinger, o pai da Constelação Familar: "negar uma coisa não faz com que ela deixe de existir". 

O fato é que a família é, sim, um canal de aprimoramento e de reforma íntima e que, por melhores que tenham sido os nossos pais e demais parentes presentes na nossa criação, em algum momento da nossa infância (ou até antes do nosso nascimento, ainda na barriga da nossa mãe), fomos feridos, e essas feridas nos afetam e afetam negativamente a nossa personalidade. Não é uma questão de culpa (isso é matéria pra outro post), mas de reconhecimento da verdade.

E, então, retornando...um mestre ou professor (e às vezes até um terapeuta) é alguém que vai se manifestar como um "espelho", que reflete essas feridas (muitas vezes armazenadas em nosso inconsciente), para que a gente as compreenda e cure.

E, ao reconhecer e aceitar alguém nesse lugar, é importante que conheçamos (e compreendamos) esses termos ("projeção" e "espelho") e que utilizemos incansavelmente da meditação como fonte de esclarecimento, antes de julgar e acusar essas essas pessoas pelos erros e sofrimento que outros (intencionalmente ou não) cometeram conosco.

Não que elas não possam cometer erros, mas muitas vezes os erros que enxergamos nelas são, na verdade, projeções (ou imaginações) da nossa própria mente, dada a realidade que armazenamos nela, e que é fruto de quem nos tornamos a partir da nossa vivência familiar.

É preciso estar atento para saber diferenciar uma situação da outra, e atenção se obtém por meio da observação de si mesmo no silêncio e na meditação. 

Vale ressaltar que identificar essas projeções já é uma etapa avançada do caminho do autoconhecimento, e encará-las pra curá-las ainda mais, exigindo coragem! Mas vamos caminhando...

O fundamental é que, ao encarar nossa história com o objetivo de purificação, lembremos sempre que ninguém nasce numa família por acaso e, também, de utilizar da compreensão e do perdão como fontes de resgate e aprimoramento do amor nesse plano da existência.

Esse é um aprendizado fino a se obter por quem deseja ser canal da luz e se tornar um elo na corrente do bem neste mundo de meu Deus, manifestando a sua essência mais pura e sagrada. 

Que não o desprezemos! 

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